giovedì 21 marzo 2013

Concurso filosofia 2013 - Programa

FILOSOFIA - CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
 Dimensões históricas do ensino de Filosofia no Brasil e no Paraná. Fundamentos teórico-metodológicos do ensino de Filosofia. Conteúdos estruturantes e conteúdos básicos conforme Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica para a Rede Estadual de Ensino (DCEs)- Filosofia:

1- Mito e Filosofia: Saber mítico; Saber filosófico; Relação Mito e Filosofia. Atualidade do mito.

O que é Filosofia? 

2- Teoria do Conhecimento: possibilidade do conhecimento. As formas de conhecimento. O problema da verdade. A questão do método. Conhecimento e lógica.

3-  Ética: ética e moral. Pluralidade ética.

Ética e violência. Razão, desejo e vontade. Liberdade: autonomia do sujeito e necessidade das normas.

4- Filosofia Política: Relações entre comunidade e poder. Liberdade e igualdade política. Política e Ideologia.
Esfera pública e privada.

5- Filosofia da Ciência: Concepções de ciência. A questão do método científico.

Contribuições e limites da ciência. Ciência e ideologia. Ciência e ética.

6- Estética: Natureza da arte. Filosofia e arte. Categorias estéticas - feio, belo, sublime, trágico, cômico, grotesco, gosto etc. 
Estética e sociedade.

ATUALIDADES

Tópicos relevantes e atuais em diversas áreas, tais como: segurança, transportes, política, economia,
sociedade, educação, saúde, cultura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia, suas inter-relações e suas vinculações históricas.

INFORMÁTICA

Conceitos e modos de utilização de aplicativos para edição de textos, planilhas, apresentações didáticas em mídias e Internet. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas.


FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO – DISCIPLINAS DOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E
ENSINO MÉDIO

1. Tendências e concepções pedagógicas;

1.1 A educação e suas relações socioeconômicas políticas e culturais;

1.2 As relações entre educação, trabalho e cidadania;

1.3 Inclusão educacional e diversidade;

1.4 Função social da escola.

2. Estrutura educacional brasileira;

2.1 Sistema educacional brasileiro: níveis e modalidades de ensino;

2.2 Legislação: Lei no 9394/96 LDBEN, Lei no 8.069/90 ECA, Lei no 10639/03 História e cultura afro-brasileira e africana

2.3 As Diretrizes Curriculares Nacionais e Estadual para a educação básica.

 3. Elementos da prática pedagógica; 3.1Organização da escola e instâncias colegiadas;

3.2 Saberes escolares, método didático, avaliação escolar, recursos didáticos e o uso de novas tecnologias da informação e comunicação na educação. 3.3 Projeto Político-Pedagógico da escola.

3.4 Gestão Democrática.

giovedì 7 marzo 2013

Sociologia

1.0. KARL MARX E A HISTÓRIA DA EXPLORAÇÃO DO HOMEM

    Com o finalidade de entender o capitalismo, Marx produziu e formalizou obras de filosofia, economia e sociologia, visando propor uma ampla transformação política, econômica e social. A principal obra de Marx, O Capital, não é sociológica, mas econômica. Todavia, é preciso elucidar alguns termos de sua fundamentação econômica, por constituírem peças básicas de interpretação. Na verdade, se produziu uma visão principalmente econômica da sociedade, precisamente porque acreditou que a compreensão dos processos históricos não pode ser feita sem referencia às maneiras como os homens produzem sua sobrevivência material.
1.1. Influencias de Marx

    Marx sofreu algumas influencias como: a filosofia de Hegel, o seu contato com o pensamento socialista francês e inglês do século XIX. Destacava o pioneirismo desses críticos da sociedade burguesa, reprovava o “utopismo” de suas propostas.
    As três teorias tinham como traço comum o desejo de impor de uma só vez a transformação social total, implantando assim, o império da razão e da justiça eterna.
   Desenvolveu o conceito de alienação mostrando que a industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção, que se tornaram propriedade privada do capitalista.
    De acordo com Marx, politicamente o homem também se tornou alienado, pois o principio da representatividade, base do liberalismo, criou a idéia de Estado como um órgão político imparcial, capaz de representar toda a sociedade e dirigi-la pelo poder delegado pelos indivíduos.
1.2. Igualdade natural 

   Marx proclamava ainda a inexistência de igualdade natural e observa que o liberalismo vê os homens como átomos, como se estivessem livres das evidentes desigualdades sociais. Para Marx, as desigualdades sociais observadas no seu tempo eram provocadas pelas relações de produção do sistema capitalista, que divide os homens em proprietários e não-proprietários dos meios de produção. As relações entre homens se caracterizam por relações de oposição, antagonismo, exploração e complementaridade entre as classes.
   A história do homem é, conforme Marx, a história da luta de classes, da luta constante entre interesses opostos, embora esse conflito nem sempre se manifeste socialmente sob a forma de guerra declarada. As divergências, oposições e antagonismos de classes estão subjacente a toda relação social, nos mais diversos níveis da sociedade, em todos os tempos, desde o surgimento da propriedade privada.
1.3. O trabalho

   Para Marx, o trabalho, ao se exercer sobre determinados objetos, provoca nestes uma espécie de “ressurreição”. Tudo o que é criado pelo homem, contém em si, um trabalho passado, “morto”, que só pode ser reanimado por outro trabalho.
   Acrescentou também que, este tempo de trabalho se estabelecia em relação às habilidades individuais médias e às condições técnicas vigentes na sociedade. De acordo com a análise de Marx, não é no âmbito da compra e venda de mercadorias que se encontram bases estáveis nem para o lucro dos capitalistas individuais nem para a manutenção do sistema capitalista. Ao contrário, a valorização da mercadoria se dá no âmbito de sua produção.
   Chama-se de mais-valia ao valor que o trabalhador cria para além do valor de sua força de trabalho. De certa forma, sobretudo em termos sociológicos, esta é a alma do capitalismo, porque nisto decide sua teoria e prática da desigualdade social. O trabalhador é pago pela sua força de trabalho, através de um salário cujo valor tende a ser de mera sobrevivência, ou seja, que lhe permite tão somente repor ou reproduzir sua força de trabalho. Mas o que o trabalhador produz, vale mais do que a paga recebida em salário. Esse “mais” é apropriado pelo dono dos meios de produção, o que se chama muitas vezes apropriação do excedente de trabalho.
1.4. Mais-valia 

   Marx chamou de mais-valia absoluta aquela obtida pelo alargamento da jornada de trabalhou pela intensificação do uso da força de trabalho. Por outra, é mais-valia relativa àquela obtida pela diminuição do tempo de trabalho necessário, geralmente através da especialização profissional, ou da introdução de novas tecnologias, ou da adoção de novos métodos de gerenciamento, etc. Nestes casos, é possível aumentar a mais-valia, mesmo diminuindo o tempo de trabalho.
   Marx constata ainda, que as diferenças entre as classes sociais não se reduzem a uma diferença quantitativa de riquezas, mas expressam uma diferença de existência material. Os indivíduos de uma mesma classe social partilham de uma situação de classe comum, que inclui valores, comportamentos, regras de convivência e interesses.
   A essas diferenças econômicas e sociais segue-se uma diferença na distribuição de poder. Diante da alienação do operariado, as classes econômicas dominantes desenvolveram formas de dominação políticas que lhes permitem apropriar-se do aparato de poder do Estado e, com ele, legitimar seus interesses sob a forma de leis e planos econômicos e políticos.
1.5. Condições específicas de trabalho

   Para Marx as condições específicas de trabalho geradas pela industrialização tendem a promover a consciência de que há interesses comuns para o conjunto da classe trabalhadora e, conseqüentemente, tendem a impulsionar sua organização política para a ação. A classe trabalhadora, portanto, vivendo uma mesma situação de classe e sofrendo progressivo empobrecimento em razão das formas cada vez mais eficientes de exploração do trabalhador, acaba por se organizar politicamente. Essa organização é que permite a tomada de consciência da classe operária e sua mobilização para a ação política.
   Marx parte do princípio de que a estrutura de uma sociedade qualquer reflete a forma como os homens organizam a produção social de bens. Essa produção, segundo Marx, engloba dois fatores: as forças produtivas e as relações de produção.
   Sendo que as forças produtivas constituem as condições materiais de toda a produção. E, relações de produção são as formas pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva.
1.6. Forças produtivas

   Forças produtivas e relações de produção são condições naturais e históricas de toda atividade produtiva que ocorre em sociedade. A forma pela quais ambas existe e é reproduzida numa determinada sociedade constitui o que Marx denominou modos de produção.
   Para Marx, o estudo do modo de produção é fundamental para compreender como se organiza e funciona uma sociedade. As relações de produção, nesse sentido, são consideradas as mais importantes relações sociais.
   Além de elaborar uma teoria que condenava as bases sociais da espoliação capitalista, conclamando os trabalhadores a construir, por meios de sua práxis revolucionária, uma sociedade assentada na justiça social e igualdade real entre os homens, Marx conseguiu como nenhum outro, com sua obra, estabelecer relações profundas entre a realidade, a filosofia e a ciência.
   Se por um lado Marx concebia a realidade social como uma concretude histórica, por outro, cada sociedade representava uma totalidade, um conjunto único e integrado das diversas formas de organização humana nas suas mais diversas instancia.
1.7. A questão da objetividade

   Segundo Marx, a questão da objetividade só se coloca enquanto consciência crítica. A ciência, assim como a ação política, só pode ser verdadeira e não ideológica se refletir uma situação de classe e, conseqüentemente, uma visão crítica da realidade.
    Para ele a sociedade é constituída de relações de conflito e é de sua dinâmica que surge a mudança social. Marx redimensiona o estudo da sociedade humana, marcando com suas idéias, de maneira definitiva o pensamento cientifico e a ação política dessa época assim como das posteriores, formando duas diferentes maneiras de atuação sob a bandeira do marxismo.
   A abordagem do conflito, da dinâmica histórica, da relação entre consciência e realidade e da correta inserção do homem e de sua práxis no contexto social foram conquistas jamais abandonadas pelos sociólogos.

   2.0. A SOCIOLOGIA DE MAX WEBER

   Para Weber a Sociologia é uma ciência que pretende compreender a ação social, interpretando-a, para de essa maneira explicá-la casualmente em seus desenvolvimentos e efeitos. Utilizava uma metodologia em que a compreensão consiste na captação do sentido subjetivo da ação (algo distinto dos nexos exteriores de causa e efeito que a envolvem).
   Essa compreensão da ação humana, segundo Weber, é captar o seu sentido subjetivo, o que, considerada desse modo à compreensão não é um processo exclusivo do conhecimento cientifico. Weber chamou de compreensão atual ao tipo de captação do sentido que decorre diretamente do curso observável da ação, e de, compreensão explicativa aquela que não se detém no sentido aparente da ação, mas apela para seus motivos subjacentes.
   A interpretação da ação humana através de tipos ideais volta-se para a apreensão do sentido subjetivo da ação. Conseqüentemente, é pelo seu sentido subjetivo que uma ação se define ou não como social.
2.1. O fundamento da fluidez

   Weber enfoca que o fundamento da fluidez em casos de ações sociais reside em que a orientação pela conduta alheia e o sentido da própria ação de modo algum podem ser sempre precisados com toda clareza, nem sempre são conscientes, ou muito menos conscientes em toda plenitude.
   Contudo, embora na realidade exista essa fluidez, no plano teórico a fronteira da ação social deve ser traçada com clareza.
   Coerentemente com esse enfoque, Weber construiu os conceitos sociológicos básicos a partir de uma tipologia geral da ação social. Sempre ressalvando o caráter ideal desses tipos, ele distingue quatro categorias de ação por seu sentido subjetivo.
•    A ação racional com relações afins, determinadas por expectativas no comportamento tanto de objetos do mundo exterior como de outros homens.
•    A ação racional com relação a valores, determinada pela crença consciente no valor seja éticos, estéticos, religiosos ou de qualquer outra forma como seja interpretado.
•    A ação afetiva, especialmente emotiva, determinada por afetos e estados sentimentais atuais.
•    A ação tradicional, determinada por um costume arraigado.
2.2. A noção de tipo ideal

    Em Weber, a noção de tipo ideal decorre da concepção acerca da infinita complexidade do real diante do alcance limitado dos conceitos elaborados pela mente humana. Todo conceito seleciona alguns aspectos da realidade infinita, enquanto exclui outra – seleção que é sempre, consciente ou inconscientemente – orientada por valores.
    Segundo Weber, uma dimensão qualquer da ação humana admite sempre a construção de vários tipos, sem que nunca se esgote a complexidade infinita da realidade. Por esta razão, nenhum dos tipos construídos deve ser considerado mais que um instrumento limitado e provisório de investigação. A expressão “ideal” sublinha precisamente o fato básico de que os tipos sociológicos só existem no plano da idéias, não na realidade.
    A sociologia Weberiana conclui que, no mundo moderno, a burocracia é o exemplo mais típico do domínio legal, nos limites da legitimidade. Estendendo sua análise tipológica às formas de dominação social, a Sociologia weberiana distingue três tipos de dominação legítima, cada qual com sua base, a saber: a legalidade, a tradição, o carisma.

  3.0.   A SOCIOLOGIA DE DURKHEIM

    3.1. DURKHEIM DISTINGUE OS FATOS SOCIAIS EM TRÊS CARACTERÍSTICAS:

•    A coercitividade, ou seja, a força que os fatos sociais exercem sobre os indivíduos levando-os a conformar-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente da sua escolha e vontade. O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas sanções a que o individuo estará sujeito quando tenta se rebelar contra elas. Estas sanções podem ser legais ou espontâneas. Sanções legais são aquelas prescritas pela sociedade, sob a forma de leis. Sanções espontâneas seriam as que aflorariam como decorrência de uma conduta não adaptada a estrutura da sociedade ou do grupo ao qual o individuo pertence.
•    A exterioridade, os fatos sociais existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente.
•    A generalidade, segundo Durkheim, é social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles.
3.2. Os fatos sociais
    Uma vez identificados e caracterizados os fatos sociais, Durkheim procurou definir o método de conhecimento da sociologia. Para ele, a explicação cientifica exige que o pesquisador mantenha certa distancia e neutralidade em relação aos fatos, resguardando a objetividade de sua análise.
Durkheim aconselhava o sociólogo a encarar os fatos sociais como coisas, isto é, objetos que, lhe sendo exteriores, deveriam ser medidos, observados e comparados independentemente do que os indivíduos envolvidos pensassem ou declarassem a respeito. Tais formulações seriam apenas opiniões, juízos de valor individuais que podem servir de indicadores dos fatos sociais, mas mascaram as leis de organização social, cuja racionalidade só é acessível ao cientista.
    A sociologia, de acordo com Durkheim, tinha por finalidade não só explicar a sociedade como também encontrar soluções para a vida social. A sociedade, como todo organismo, apresentaria estados normais e patológicos, isto é, saudáveis e doentios.
    Durkheim considera um fato social como normal quando se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução.

4.0. A SOCIOLOGIA AUGUSRO COMTE

As idéias de Auguste Comte, o criador do positivismo, influenciaram grandemente a formação da república no Brasil. Tanto, que o lema da bandeira brasileira, "Ordem e progresso", foi inspirado na doutrina desse filósofo francês.

Auguste Comte fez seus primeiros estudos em Montpellier, sua cidade natal. Em Paris, ingressou na Escola Politécnica, mas com o fechamento temporário da escola, em 1816, voltou a Montpellier para continuar seus estudos na faculdade de medicina.

No ano seguinte, voltou a estudar em Paris, mas foi expulso da Escola Politécnica, passando a realizar pequenos trabalhos para sobreviver. Ainda em 1817, tornou-se secretário do filósofo socialista Saint-Simon, que o apresentou ao mundo intelectual francês.

Já imerso na elaboração da doutrina do positivismo, Comte publicou em 1822 seu "Plano de trabalhos científicos necessários para reorganizar a sociedade". Dois anos mais tarde, rompeu com Saint-Simon, pois as doutrinas dos dois eram incompatíveis. Neste período casou-se com Caroline Massin, de quem se divorciaria em 1842.

4.1.A saúde mental, de Auguste Comte

Em 1826 Auguste Comte foi internado numa clínica de saúde mental, para tratar-se de problemas psiquiátricos. Em 1830 iniciou a publicação de seu "Curso de Filosofia Positiva", que seria concluída doze anos mais tarde. Em 1832, retornou à Escola Politécnica para lecionar, mas, não obtendo cátedra, saiu em 1844.

Neste mesmo ano, teve um envolvimento platônico com Clotilde de Vaux, que perduraria até a morte desta, dois anos depois. Em 1848 Auguste Comte criou uma "Sociedade Positivista", que angariou grande número de seguidores. Entre 1851 e 1854, publicou os volumes do "Sistema de política positivista", cujas idéias viriam fundamentar várias correntes de pensamento político, em vários países.

No Brasil a influência do positivismo de Comte traduziu-se não só no ideário de nossos republicanos, mas nas ações políticas que acompanharam a proclamação da República. Entre elas, a separação entre igreja e Estado, o estabelecimento do casamento civil, o fim do anonimato na imprensa e a reforma educacional proposta por Benjamin Constant, um dos mais influentes positivistas brasileiros.

5.0 Sociologia é produto da crise instaurada nas Revoluções Industrial e Francesa no séc. XVIII, é chamada de ciência da crise, isto é, surge a partir das transformações ocorridas a partir das Revoluções. É o estudo sistemático do comportamento humano; estudo das interações sociais.
Processo de construção da sociologia: Formação, sitematização  e consolidação.
Formação - durante o período das Revoluções Industrial e Francesa do séc. XVIII, surge as primeiras tentativas e pensadores buscando pensar a sociedade de forma científica.
Sistematização - ocorre o nascimento da sociologia e as obras clássicas são produzidas.
Consolidação - a fase da ciência científica institucionalizada por  DURKHEIM,WEBER, MARX e ENGELS. No séc. XX passa a ser disciplina na faculdade.

5.1. Sociologia no Brasil


A fase de consolidação ocorre no séc. XX, quando as bases são aplicadas e desenvolvidas, sendo institucionalizada e reconhecida como ciência. O Brasil importa da Europa o modelo positivista, que torna-se principal inspiração ideológica do republicanismo. A bandeira do Brasil foi inspirada no positivismo (Ordem e Progresso).
Positivismo ortodoxo - Tem como base a Religião  da humanidade.
Positivismo Heterodoxo- se aproxima dos estudos de Comte, ele criou a sociologia para reorganizar a sociedade.
Auguste Comte Considerado o pai da sociologia. Cria o positivismo, pretendia por meio da ciência realizar uma reforma social.

5.2. SOCIOLOGIA CLÁSSICA

    Com a expansão da indústria do século XIX, ocorreu a destruição da velha ordem feudal e a consolidação da nova sociedade estruturada no lucro e na produção ampliada de bens, porém no final desse século, o crescimento do mercado não obedece ao ritmo de implantação da indústria, gerando crises de superprodução que levam à falência milhares de pequenas indústrias e negócios.
    Não podendo continuar investindo apenas no mercado europeu sem causar novas crises de superprodução, o capital financeiro exigia expansão e a conquista de novos mercados consumidores.
    Os países europeus tiveram de lidar com civilizações organizadas sob princípios diferentes dos seus estruturando-as segundo os princípios que regiam o capitalismo pois a conquista européia da ação colonizadora e a transformava em "missão civilizadora".
O resulsto do darwinismo social é o princípio que parte de como as sociedades se modificam e se desenvolvem de forma semelhante, sendo que as transofrmações representam sempre a passagem de um estágio inferior para outro superior.
    O organicismo teve como seguidores cientistas que procuraram aplicar seus princípios  à explicação da vida social. Dois estudos importantes foram os "tecidos sociais" e a evolução da espécie humana de acordo com leis que explicariam o desenvolvimento de todos os seres vivos, entre os quais o homem, porém os cientistas que desenvolveram esses estudos partiram do princípio de que existem caracteres universais presentes nos mais diversos organismos vivos, dispostos sob a forma de órgãos e sistemas.
    O positivismo derivou do "cientificismo", isto é, crença no poder dominante e absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis.
    O positivismo foi o pensamento que glorificou a sociedade européia do século XIX, em franca expressão. Procurava resolver os conflitos sociais por meio da exaltação à coesão, à harmonia natural entre os indivíduos, ao bem-estar do todo social.

6.0. CIÊNCIAS SOCIAIS E SOCIOLOGIA

6.1 – CONCEITUAÇÃO
Ao conceituar Ciências Sociais, a primeira preocupação é estabelecer noções básicas sobre ciência e, a seguir, distinguir as ciências denominadas Sociais ou Humanas das demais ciências.
Entendemos por ciência uma sistematização de conhecimento, um conjunto de preposições logicamente sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar.
Pode-se conceituar o aspecto lógico da ciência como o método de raciocínio e de inferência acerca de fenômenos já conhecidos ou a serem investigados; em outras palavras, pode-se considerar que o “aspecto lógico constitui o método para a construção de proposições e enunciados”, objetivando, dessa maneira, uma descrição, interpretação, explicação e verificação mais precisas.
Assim, para conceituar a Sociologia e contextualizá-la no âmbito das ciências em geral e das ciências sociais em particular, vamos identificar os três níveis de conhecimento científico: inorgânico, orgânico e superorgânico.

6.2 – OS TRÊS NÍVEIS DE CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O conhecimento científico do “inorgânico” é o das Ciências Físicas; o “orgânico”, é investigado pelas Ciências Biológicas e o “superorgânico”, abrangido pelas Ciências Sociais.
De acordo com esta concepção, o campo de ação das Ciências Sociais tem início justamente quando os estudos físico e biológico do homem e seu universo terminam. Os três níveis encontram-se inter-relacionados, e a transição de um para outro é gradativa.
O superorgânico é observado no mundo dos seres humanos em interação e nos produtos desta interação: linguagem, religião, filosofia, ciência, tecnologia, ética, usos e costumes e outros aspectos culturais e da organização social. Portanto, ao estudar o superorgânico, as Ciências Sociais têm seu interesse voltado para o homem em sociedade.

6.3 – CIÊNCIAS SOCIAIS OU HUMANAS - CLASSIFICAÇÃO
Embora os autores apresentem classificações diferentes em relação às Ciências Sociais ou Humanas, EVA MARIA LAKATOS considera que elas englobam as especificadas a seguir:

ANTROPOLOGIA CULTURAL: Estuda as semelhanças e diferenças culturais, origem e história das culturas do homem, sua evolução e desenvolvimento, estrutura e funcionamento. Inicialmente, a Antropologia Cultural preocupava-se apenas com o estudo das culturas dos povos ágrafos (pré-letrados ou comumente denominados “primitivos”). Mais recentemente, tem-se interessado também pela cultura das sociedades industriais. Exemplos: A antropologia cultural estuda a tribo como uma forma especial de sociedade - ritos de passagem, tipos de organização familiar; religião e magia; artes e artesanato; mitos, meios de comunicação.

DIREITO: Estuda as normas que regulam o comportamento social, estabelecendo direitos e obrigações entre as partes, através dos sistemas legislativos característicos das sociedades. Concentra-se, portanto, na análise dos fatores normativos do comportamento social. Exemplos: O Direito estuda o tribunal como uma variedade de sociedade - direito trabalhista, direito empresarial (comercial), direito civil, direito penal, etc.

ECONOMIA: Estuda as atividades humanas no campo da organização de recursos, isto é, produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços. Exemplos: A Economia estuda as organizações industriais como tipo especial de sociedade - macroeconomia e microeconomia.

POLÍTICA: Estuda a distribuição do poder nas sociedades humanas. Sistematiza o conhecimento dos fenômenos políticos, isto é, do Estado e investiga o conjunto de processos e métodos empregados para que determinado grupo alcance, conserve e exerça o poder. Exemplos: A Política analisa o Estado como uma forma específica de sociedade - formas de governo, partidos políticos; mecanismos de eleições.

PSICOLOGIA SOCIAL: Estuda o comportamento e a motivação do indivíduo, determinados pela sociedade, e, seus valores. Os estímulos que indivíduo recebe do grupo e as influências que os contatos sociais exercem sobre a sua personalidade, constituem o campo de interesse da Psicologia Social. Exemplos: A Psicologia Social estuda o pequeno grupo como uma variação da sociedade - comportamento em relação às questões raciais; comportamentos e atitudes de adolescentes, etc.

SOCIOLOGIA: Estudo científico das relações sociais, das formas de associação, destacando-se os caracteres gerais comuns a todas as classes de fenômenos sociais, fenômenos que se produzem nas relações de grupos entre seres humanos. Estuda o homem e o meio humano em suas interações recíprocas.  A Sociologia não é normativa, nem emite juízos de valor sobre os tipos de associação e relações estudados, pois se baseia em estudos objetivos que melhor podem revelar a verdadeira natureza dos fenômenos sociais. A Sociologia, desta forma, é o estudo e o conhecimento objetivo da realidade social.  Exemplos: formação e desintegração de grupos; divisão das sociedades em camadas, mobilidade de indivíduos e grupos nas camadas sociais; processos de competição e cooperação.

6.4 – CAMPO DA SOCIOLOGIA
Verificamos, portanto, que o objeto material das Ciências Sociais ou Humanas é o mesmo: o homem na sociedade. Todavia, essas ciências possuem seu objeto formal distinto, apesar de relacionadas e complementares entre si.
Cabe à Sociologia estudar a sociedade como um todo, com características e relações que podem ser observadas em qualquer sociedade.
Em relação à natureza do homem, cada Ciência Social concebe um tipo específico, por exemplo, o homo economicus ou o homo politicus, com características singulares, ou seja, dominado pelo interesse econômico ou pelo desejo de poder. Para a Sociologia, o homo socius, é, ao mesmo tempo, econômico, político, religioso, ético, artístico, dominado pelos mais diferentes interesses ou desejos.
Compete, portanto à Sociologia, o estudo do homem e do universo sociocultural como um todo, analisando as relações entre os diversos fenômenos sociais, uma vez que, as outras Ciências Sociais, em virtude de seu caráter especializado, consideram apenas um aspecto.

7.0 – HISTÓRICO DA SOCIOLOGIA

7.1 - ORIGEM
As relações entre os homens e a constituição dos grupos foi pensada na cultura ocidental, há pelo menos 2.500 anos, assim faremos um resumo da evolução dos estudos referentes a essas relações chamadas sociedades.

OS PENSADORES HELÊNICOS
Desde tempos muitos remotos, essas relações vinham sendo encaradas sob a forma de preceitos religiosos, de legislações e mesmo de teorias de direito. Pensadores helênicos, notadamente Platão (429-341 a.C.), A República, e Aristóteles (384-322 a.C.), A Política, foram os primeiros a tratar de tais problemas de maneira sistemática e separada da religião, mas não independente dos regimes políticos e econômicos. As obras desses dois sábios iriam ter imensa repercussão e sua influência, na verdade, se faz sentir até nossos dias. Posteriormente, Santo Agostinho (354-430), A Cidade de Deus, apresentou idéias e análises básicas para as modernas concepções jurídicas e até sociológicas.

A IDADE MÉDIA
Na idade Média Européia, as cogitações relativas aos grupos sociais tornaram-se fortemente influenciadas pela religião. O Cristianismo, então dominante, desde o início traçara diretrizes e normas a que deveria obedecer o comportamento dos homens em seu relacionamento. Destas recomendações (ou mandamentos) estavam ausentes as preocupações de critérios científicos. O mesmo ocorreu com o Islamismo, apesar de ter estabelecido uma legislação bastante minuciosa, por muitos até hoje adotada. O principal pensador oriental, Ibn Khaldun (1332-1406), “Prolegômenos”, constituiu uma exceção, pois deu ao social uma explicação causalista.
No Século XIII, Santo Tomás de Aquino (1226-1274), “Summa theologica”, conquanto inteiramente decidido a não se afastar da orientação cristã, retomou os processos e as idéias de Aristóteles, para manifestar-se sobre as relações inter-humanas.

A RENASCENÇA
Durante a Renascença apareceram obras vigorosas em que se propunham normas entrosadas de política, delas destacando-se a de Campanella (1568-1639), Cidade do Sol e, sobretudo, a conhecidíssima Utopia de Thomas Morus (1478-1535), romance político e social avançado para a sua época.
Na transição da Renascença para o Iluminismo, encontramos obras e autores relevantes para o pensamento do Homem em Sociedade: O príncipe, de Maquiavel (1469-1527), o Leviatã, de Thomas Hobbes (1588-1679), os Ensaios sobre o entendimento humano, de John Locke e o Novum Organum de Francis Bacon (1561-1626).

O SÉCULO XVIII
A passagem do século XVIII para o XIX foi profícua para o pensamento sociológico. Sob o pensamento Iluminista que preconizava a observação e a experimentação, origens das práticas científicas, e uma compreensão linear da história e do conhecimento em progresso, foram escritas: O espírito das leis, por Montesquieu (1689-1775), o Tratado sobre a natureza humana, de David Hume (1711-1776), A Riqueza das nações, de Adam Smith (1723-1790), o Contrato Social, por Rousseau (1712-1778). Davi Ricardo (1772-1823) escreveu Princípios de economia política e Malthus (1766-1834) escreveu Ensaios sobre o princípio de população.
Deste período merecem destaque também as obras de Hegel e dos chamados socialistas utópicos.
Desse período em diante, sempre sob a inspiração de problemas criados pela evolução econômica, multiplicaram-se as chamadas “doutrinas socialistas”, cujos autores, tentando atenuar as injustiças imperantes na distribuição de riquezas e na exploração dos trabalhadores, criticavam a situação existente e pregavam novas e mais eqüitativas relações entre os homens. Entre eles podemos destacar Fourier (1772-1837), que estabeleceu uma correlação entre os sentimentos e as estruturas sociais (...) Saint Simon (1760-1825), verdadeiro fundador do socialismo, autor da famosa frase “de cada um de acordo com sua capacidade, e a cada um, de acordo com sua necessidade”; Owen (1771-1858), Uma nova visão da sociedade, fundador das primeiras sociedades cooperativas; Proudhon (1809-1865), O que é propriedade, criador do sistema mutualista”.
Os líderes socialistas, para fundamentar suas críticas e seus projetos, procediam à análise da realidade social. A tônica de suas diretrizes residia, entretanto, na intenção de mudar as instituições e costumes vigentes e de criar, através de radicais alterações da ordem política, uma ordem social mais equilibrada.
Hegel (1770-1831) promove m movimento de íntimo entrosamento entre princípios puramente filosóficos e as ciências sociais. A dialética de Hegel baseia-se no método antitético, dando origem à explicação das mudanças ocorridas no universo, mediante um processo em três tempos: tese, antítese e síntese.

7.2 – PIONEIROS

AUGUSTO COMTE (1798 – 1857)
Pensador francês, foi o criador da doutrina positivista, preconizando que “em todos os ramos de estudos, se obedecesse à preocupação da máxima objetividade. Em sua classificação das ciências, colocou a matemática na base e, no ápice, os esforços de compreensão de tudo o que se referia ao homem, principalmente as relações entre eles.
Nessa atitude, entretanto, assumia uma posição diferente da dos socialistas. Defendia o ponto de vista de somente serem válidas as análises das sociedades quando feitas com verdadeiro espírito científico, com objetividade e com ausência de metas preconcebidas, próprios das ciências em geral. Os estudos das relações humanas, assim, deveriam constituir uma nova ciência, a que se deu o nome de “Sociologia”. Esta na deveria limitar-se apenas à análise, mas propor normas de comportamento, seguindo a orientação resumida na famosa fórmula positivista „saber para prever, a fim de prover (...).
Podemos discernir, nos estudos de Comte, três princípios básicos:
a - prioridade do todo sobre as partes: significa que, para compreender e explicar um fenômeno social, devemos analisá-lo no contexto global a que pertence;
b - o progresso dos conhecimentos é característico da sociedade humana: a sucessão de gerações, com seus conhecimentos, permite uma acumulação de experiências e de saber que constitui um patrimônio espiritual objetivo e liga as gerações entre si; existe uma coerência entre o estágio dos conhecimentos e a organização social;
c - o homem é o mesmo por toda parte e em todos os tempos, em virtude de possuir idêntica constituição biológica e sistema cerebral.
Desses princípios básicos, Comte conclui ser natural que a sociedade, em toda parte, evolua da mesma maneira e no mesmo sentido, resultando daí que a humanidade em geral caminha para um mesmo tipo de sociedade mais avançada. De tais idéias surgiu a classificação das sociedades denominada “A Lei dos Três Estados”:
a - estado teológico ou fictício, em que se explicam os diversos fenômenos através de causas primeiras, em geral personificadas em fenômenos da natureza ou corpos celestes (fetichismo), potências sobrenaturais (politeísmo) ou em um deus único (monoteísmo);
b - estado metafísico ou abstrato, em que as causas primeiras são substituídas por causas metafísicas/abstratas, como as “idéias”, na explicação dos fenômenos naturais;
c - estado positivo ou científico, no qual o homem tenta compreender os fenômenos naturais e sociais através da observação científica e do raciocínio, formulando leis; portanto não mais procura conhecer a natureza íntima das coisas e as causas absolutas.
São obras significativas: “Curso de filosofia positiva” (1830-1842) e “Política positiva” (1851-1854).

HERBERT SPENCER (1820 – 1903)
Na segunda metade do século XIX, as idéias de Darwin sobre a evolução das espécies influenciaram a maioria dos estudiosos. A Sociologia foi, depois da Biologia, a ciência que maior impacto recebeu da teoria de Darwin, levando ao aparecimento da Escola Biológica, iniciada pelo inglês Herbert Spencer.
Segundo a concepção desse pensador, a sociedade assemelha-se a um organismo biológico, sendo o crescimento caracterizado pelo aumento da massa; o processo de crescimento dá origem à complexidade da estrutura; aparece nítida interdependência entre as partes (...). Desses princípios básicos chega-se à formulação de uma lei geral, segundo a qual a evolução de todos os corpos (e, por analogia, a das sociedades), passa por um estágio primitivo, caracterizado pela simplicidade de estrutura e pela homogeneidade, a estágios de complexidade crescente, assinalados por uma heterogeneidade progressiva das partes, acompanhadas por novas maneiras de integração.
Especificamente no que concerne às sociedades, para Spencer, a História demonstra a diferenciação progressiva das mesmas: de pequenas coletividades nômades, homogêneas, indiferenciadas, sem qualquer organização política e de reduzida divisão de trabalho, as sociedades tornam-se cada vez mais complexas, mais heterogêneas, compostas de grupos diferentes, mais numerosos, onde a autoridade política se torna organizada, aparecendo uma multiplicidade de funções econômicas e sociais, exigindo maior divisão de trabalho.
Obras mais importantes: “Princípios de sociologia” (1876–1896) e “O estudo da sociedade” (1873).

KARL MARX (1818 - 1883)
Fundador do materialismo histórico, Karl Marx, na realidade um filósofo social e economista alemão, contribuiu para o desenvolvimento da Sociologia, salientando que as relações sociais decorrem dos modos de produção (fator de transformação da sociedade), numa tentativa de elaborar uma teoria sistemática da estrutura e das transformações sociais.
O postulado básico do marxismo é o determinismo econômico, segundo o qual o fator econômico é determinante da estrutura do desenvolvimento da sociedade.
O homem, para satisfazer suas necessidades, atua sobre a natureza, criando relações técnicas de produção. Todavia, essa atuação não é isolada: na produção e distribuição necessárias ao consumo, o homem relaciona-se com outros seres humanos, dando origem às relações de produção. O conjunto dessas relações leva ao modo de produção. Os homens desenvolvem as relações técnicas de produção através do processo de trabalho (força humana e ferramentas), dando origem a forças produtivas que, por sua vez, geram um determinado sistema de produção (distribuição, circulação e consumo de mercadorias); o sistema de produção provoca uma divisão de trabalho (proprietários e não-proprietários das ferramentas de trabalho ou dos meios de produção) e o choque entre as forças produtivas e os proprietários dos meios de produção determina a mudança social.
Para Marx, a sociedade divide-se em infra-estrutura e superestrutura. A infra-estrutura é a estrutura econômica, formada das relações de produção forças produtivas. A superestrutura divide-se em dois níveis: o primeiro a estrutura jurídico-política, é formado pelas normas e leis que correspondem à sistematização das relações já existentes; o segundo, a estrutura ideológica (filosofia, arte, religião, etc.), justificativa do real, é formado por um conjunto de idéias de determinada classe social que, através de sua ideologia, defende seus interesses. Sendo a infra-estrutura determinante, toda mudança social se origina das modificações nas forças produtivas e nas relações de produção (...).
Obra principal “O Capital”.

7.3 – DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA

ÉMILIE DURKHEIM (1858 – 1917)
Pensador francês, é considerado por muitos estudiosos o fundador da Sociologia como ciência independente das demais Ciências Sociais. Ao preconizar o estudo dos fatos sociais como “coisas”, através de regras de rigor científico, determinou seu objeto, próprio dos estudos sociológicos, e sua metodologia”.
Sua primeira obra, A divisão do trabalho social (1893) (...) enuncia dois princípios básicos: consciência coletiva e solidariedade mecânica e orgânica.
Por consciência coletiva entende-se a soma de crenças e sentimentos comuns à média dos membros da comunidade, formando um sistema autônomo, isto é, uma realidade distinta que persiste no tempo e une as gerações (...). Durkheim acusa a existência, em cada indivíduo, de duas consciências, a coletiva e a individual; a primeira, predominante, compartilhará com o grupo; a segunda, peculiar ao indivíduo (...) À medida que as sociedades se tornam mais complexas, a divisão de trabalho e as conseqüentes diferenças entre os indivíduos conduzem a uma crescente independência das consciências. As sanções repressivas, que existem nas sociedades “primitivas”, dão origem a um sistema legislativo (...).
As “primitivas” coletividades humanas são caracterizadas pela solidariedade mecânica, que se origina das semelhanças entre os membros individuais. Para a manutenção dessa igualdade, necessária à sobrevivência do grupo, deve a coerção social, baseada na consciência coletiva, ser severa e repressiva (...). Todavia, o progresso da divisão de trabalho faz com que a sociedade de solidariedade mecânica se transforme.
Para Durkheim, “o princípio de divisão do trabalho está baseado nas diversidades das pessoas e dos grupos e se opõe diretamente à solidariedade por semelhança. A divisão do trabalho gera um novo tipo de solidariedade, baseado na complementação de partes diversificadas. O encontro de interesses complementares cria um laço social novo, ou seja, um outro tipo de princípio de solidariedade, com moral própria, e que dá origem a uma nova organização social. Durkheim denomina de solidariedade orgânica esta solidariedade, não mais baseada nas semelhanças de indivíduos e grupos, mas na sua independência. Sendo seu fundamento a diversidade, a solidariedade orgânica implica maior autonomia com uma consciência individual mais livre.
Em 1895, Durkheim publica As regras do método sociológico. É o seu trabalho mais importante, pois estabelece as regras que devem ser seguidas na análise dos fenômenos sociais.
Para esse autor, a primeira regra, fundamental, relativa à observação dos fatos sociais, consiste em considerá-los como “coisas”. Somente assim, desvinculada de concepções filosóficas e não subordinada às noções biológicas e psicológicas, a Sociologia pode manipular, com finalidade de estudo e análise, os fenômenos sociais.  “Coisas” opõem-se a “idéias”, como as coisas exteriores se opõem às coisas interiores (...).
Na análise dos fenômenos sociais como “coisas”, o pesquisador deve abandonar as pré-noções e a pressuposição do significado ou caráter de uma prática ou instituição social. Deve ser objetivo e estabelecer, através da investigação, o próprio significado do fenômeno estudado, dentro da sociedade particular em pauta (...). Para explicar um fenômeno social, deve-se procurar a causa que o produz e a função que desempenha. Procura-se a causa nos fatos anteriores, sociais e não individuais; e a função, através da relação que o fato mantém com algum fim social.
Durkheim, ao estabelecer as regras de distinção entre o normal e o patológico, propôs: um fato social é normal, para um tipo social determinado, quando considerado numa determinada fase de seu desenvolvimento, desde que se apresente na média das sociedades da mesma categoria, e na mesma fase de evolução. Esta regra estabelece uma norma de relatividade e de objetividade na observação dos fatos sociais, como foi ilustrado em sua obra sobre o suicídio. Demonstra, também, que certos fenômenos sociais, tidos como patológicos, só o são à medida que ultrapassam uma taxa dita “normal”, em determinado momento, em sociedades de mesmo nível ou estágio de evolução.
Assim, a Sociologia estuda fatos sociais. Uma proposição que estabelece relação de regularidade entre esses fatos sociais, é uma lei sociológica.
Em uma de suas obras centrais, Suicídio, de 1897, Durkheim demonstra que o suicídio varia inversamente ao grau de integração do grupo social do qual o indivíduo faz parte, com algumas exceções por ele apontadas.
GEORG SIMMEL (1858 – 1918)
Em sua obra Sociologia, editada em 1908, Simmel indica „formas de socialização‟ tendo por base a interação social. Portanto, a Sociologia é, para esse autor, a ciência que estuda as maneiras pelas quais as interações sociais se repetem constantemente. O processo de socialização seria resultante da forma que mais se repetisse, a mais importante. Simmel entendia por „forma‟ o elemento relativamente estável, padronizado, da vida social, distinto do “conteúdo”, que é variável (...) as formas sociais, como as relações de autoridade e subordinação, a concorrência e outras, são análogas, apesar das múltiplas variações de conteúdo.

MAX WEBER (1864 – 1920)
Era alemão. Obras principais: A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905) e Economia e sociedade, publicação póstuma (1922).
Segundo Max Weber, a Sociologia é o Estudo das interações significativas de indivíduos que formam uma teia de relações sociais, sendo seu objetivo a compreensão da conduta social. Esta ênfase dada à compreensão subjetiva levou Weber a definir ação social como a conduta humana, pública ou não, a que o agente atribui significado subjetivo.
Para Weber, a conduta social se apresenta em quatro formas ou categorias:
a - a conduta tradicional, relativa às antigas tradições;
b - a conduta emocional, reação habitual ou comportamento dos outros, expressando-se em termos de lealdade ou antagonismo;
c - a conduta valorizada, agindo de acordo com o que os outros indivíduos esperam de nós;
d - a conduta racional-objetiva, que consiste em agir segundo um plano concebido em relação à conduta que se espera dos demais.
A contribuição de Max Weber à metodologia foi a distinção preconizada entre o método cientifico de abordar os dados sociológicos e o método do valor-julgamento: a validade dos valores é um problema de fé, não de conhecimentos, em conseqüência, as Ciências Sociais devem libertar-se dos valores. O principal objetivo da análise sociológica é a formulação de regras sociológicas. Weber desenvolveu um instrumento de análise dos acontecimentos ou situações concretas que exigia conceitos precisos e claramente definidos – o tipo ideal. Quando a realidade concreta é estudada desta forma, torna-se possível estabelecer relações causais entre seus elementos. Sua obra A ética protestante e o espírito do capitalismo permite verificar esta relação.
Por “espírito”, o autor entendia um sistema de máximas de comportamento humano (...).  Weber chegou à conclusão de que o surgimento do capitalismo não é assegurado só por condições econômicas específicas; deve haver pelo menos uma segunda condição. Essa condição deve pertencer ao mundo interior do homem, isto é, existe forçosamente um poder motivador específico, qual seja, a aceitação psicológica de idéias e valores favoráveis e essa transformação.

TALCOTT PARSONS (1902)
Norte-americano, nascido em 1902. Obras principais: Estrutura da ação social (1937), Ensaios de teoria sociológica pura e aplicada (1949) e Sistema social (1951)
A primeira contribuição de Parsons foi a indicação do objeto de estudo da Sociologia, isto é, a ação social
O tema central da Teoria Sociológica de Parsons é o funcionamento das estruturas. Para ele, a estrutura é a resultante do processo de institucionalização dos elementos culturais – idéias, valores e símbolos, transformados em normas de ação. Por exemplo: o valor geral da „educação‟ (conhecimento) institucionaliza-se no papel do professor, da escola, dos órgãos educacionais em geral; o valor geral da ‟justiça‟ institucionaliza-se no papel do juiz, dos tribunais, etc. Desta maneira, a institucionalização é um processo de integração e de estabilidade, formando laços entre a sociedade e a cultura, e entre a personalidade e a motivação. O processo de institucionalização realiza-se ainda pela formação de “conjuntos estruturais concretos”, isto é, instituições sociais: família, escola, direito, etc.
Para Parsons, todo sistema social é um sistema aberto, devendo ajustar-se ao meio (social e biológico), no qual se insere. Para este autor, podem-se identificar quatro problemas fundamentais de ajustamento, enfrentados por qualquer sistema social em sua subsistência:
a - estabilidade normativa: processo de aceitação dos valores de uma sociedade por seus integrantes;
b - integração: coordenação das diferentes instâncias do sistema social, o que inclui lidar com conflitos e contradições;
c - consecução: atingimento dos objetivos de partes do sistema ou do sistema como um todo;
d - adaptação: organização dos recursos para obtenção dos objetivos do sistema e suas partes.

ROBERT K. MERTON (1910)
Norte-americano. Obra principal: Teoria social e estrutura social (1957). Embora funcionalista Merton combate a pressuposição básica de que todos os elementos da cultura são funcionalmente inter-relacionados, isto é, que os itens culturais e individuais se integram em sistemas (...)
Merton desenvolveu novos conceitos funcionais destinados a tornar relativos os postulados:
A - Noção de equivalente funcional ou substituto funcional: assim como um só elemento pode ter várias funções, uma só função pode também ser desempenhada por elementos intermutáveis (...) Exemplo: o curandeirismo pode substituir um determinado tratamento médico
b - Noção de disfunção: as disfunções são conseqüências que perturbam a adaptação ou o ajustamento do sistema (...) Exemplo: na Índia, as práticas religiosas proíbem o abate da vaca, por ser animal sagrado, aumentando assim o problema da subnutrição.
c - Distinção entre função manifesta e latente: as funções manifestas são conseqüências objetivas de práticas compreendidas e desejadas pelos participantes do sistema, por contribuírem para o ajustamento ou adaptação dos mesmos ao sistema. As funções latentes, ao contrário, constituem conseqüências de práticas não pretendidas nem previstas, ou somente perceptíveis ao observador [externo]”. Como exemplo, podemos citar os ritos relativos à chuva, entre os índios Pueblo, no México. Embora a função manifesta de agir sobre as condições meteorológicas não sejam notadas, tais rituais desencadeiam uma função latente, a saber, a promoção da união e identidade do grupo.

8.0 – OBJETIVO DA SOCIOLOGIA

Uma ciência caracteriza-se pelo seu objeto e pelos seus métodos. Quanto à Sociologia, o seu objeto se encontra no exame dos fenômenos coletivos, através de teorias e métodos próprios. À medida que reconhecemos a categoria de ciência à Sociologia, há uma exigência maior de objetividade na análise desses fenômenos. Nem todos os autores estão de acordo com a relação ao objeto da Sociologia, envolvendo uma diversificação teórica.

8.1 – FATO SOCIAL – ÉMILE DURKHEIM
O estudo científico da sociedade sofreu indiscutível impacto, no século XX, com a contribuição de Durkheim. Ele formulou, com firmeza e convicção, uma assertiva que fortemente repercutiu nas interpretações sociológicas. Qualificou, com efeito, o fato social como uma “coisa”, e preconizou que, para estudá-lo, fossem aplicados os métodos e processos (...) empregados nas ciências exatas.
“É fato social toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter”.

CARACTERÍSTICAS DO FATO SOCIAL:
De sua definição podemos tirar as características especificas do fato social:
a - exterioridade, em relação às consciências individuais;
b - coercitividade, a coerção que o fato social exerce ou é suscetível de exercer sobre os indivíduos;
c - generalidade, em virtude de ser comum ao grupo ou à sociedade.

EXTERIORIDADE. O conceito de exterioridade dos fatos sociais baseia-se na concepção durkheimiana de consciência coletiva, por ele definida como o conjunto das maneiras de agir, de pensar e de sentir, comum à média dos membros de determinada sociedade e que compõe a herança própria dessa sociedade. Essa herança persiste no tempo, transmitindo-se de geração para geração. As maneiras de agir, de pensar e de sentir são exteriores às pessoas, porque as precedem, transcendem e a elas sobrevivem (...) Essas características de anterioridade e de posterioridade levam à conclusão de que os fatos sociais transcendem os indivíduos, e estão acima e fora deles, sendo, portanto, independentes do indivíduo em particular.
Exemplo: quando desempenhamos nosso papel de cidadãos, de filhos, de adeptos de determinada religião, estamos praticando deveres definidos fora de nós e de nossos hábitos individuais, no direito e nos costumes.
COERCITIVIDADE. As normas de conduta ou de pensamento são, além de externas aos indivíduos, dotadas de poder coercitivo, por que se impõe aos indivíduos, independentes de suas vontades (...) A coerção não necessita ser drástica; igualmente são eficazes o riso, a zombaria, o afastamento dos amigos, quando nosso comportamento não constitui transgressões às leis, mas às convenções da sociedade
GENERALIDADE. A consciência coletiva, isto é, o conjunto das maneiras de agir, de pensar e de sentir, é característica geral de determinado grupo ou sociedade; dará feição a uma sociedade e permitirá distinguir, por exemplo, um brasileiro de um boliviano (...)
Para Durkheim, o fato social é geral ainda porque coletivo, isto é, mais ou menos obrigatório, e está bem longe de ser coletivo porque geral. Constitui um estado de grupo porque se repete nos indivíduos e a eles se impõe. Está bem longe de existir no todo por existir nas partes, mas, ao contrário, existe nas partes porque existe no todo.
Os fatos sociais são explicados por causas sociais. Quando procuramos explicar um fenômeno social, é preciso buscar separadamente a causa eficiente que o produz e a função que desempenha... A causa determinante de um fato social deve ser buscada entre os fatos sociais anteriores, e não entre os estados de consciência individual... a função de um fato social deve ser sempre buscada na relação que mantém com algum fim social.
Exemplo: “um indivíduo seqüestra e mata uma criança, apesar de ter recebido resgate de seus pais (causa da penalidade); descoberto, é preso e condenado a uma longa pena: o castigo tem, por outro lado, uma função útil: manter esses sentimentos em determinado grau de intensidade, pois, sem isso, se exacerbariam, podendo, inclusive, ocorrer o linchamento do culpado”.

8.2 – AÇÃO SOCIAL
O conceito de ação social enunciado por WEBER:-
Com Émile Durkheim, a definição do objeto da Sociologia – fato social – tem caráter objetivo, porque determina o caráter social da ação a partir da coerção exercida do exterior sobre a conduta dos indivíduos. Quando Max Weber conceitua de modo subjetivo a ação social – objeto da Sociologia – baseia-se em critérios internos dos indivíduos participantes.
Weber considerava que as Ciências Sociais tinham certas vantagens sobre as Ciências Naturais, havendo a possibilidade de uma espécie de compreensão, baseada no fato de que os seres humanos são diretamente conscientes das suas ações. Assim, por exemplo, no estudo dos grupos sociais, pode-se ir além da demonstração de relações funcionais e de uniformidades; podem-se compreender as ações e intenções subjetivas dos membros individuais.
 “A ação social, segundo o autor, seria a conduta humana, pública ou não, a que o agente atribui significado subjetivo; acentua a importância de ser a ação social uma espécie de conduta que envolve significado para o próprio agente”. Esta “compreensão ao nível do significado” pode ocorrer de duas maneiras:
Em primeiro lugar, a compreensão por observação direta do significado subjetivo do ato de outra pessoa (compreensão atual). Exemplo: alguém declarar que a terra é redonda, ou presenciar alguém que, num momento de raiva quebra coisas ou diz palavrões.
Em segundo lugar, chega-se à compreensão do motivo, reproduzindo em nós o raciocínio do agente, ou, no caso de uma ação irracional, compreendendo o contexto emocional em que ocorreu sua ação (compreensão explicativa).
A Sociologia, na interpretação de Weber, é uma ciência que tem por objeto compreender claramente a conduta humana e fornecer explicação causal de sua origem e resultados. Se são as atitudes que explicam a conduta social, faz-se necessário pesquisar a natureza e a operação desses fatores, levando-se em consideração, principalmente, serem estas atitudes afetadas ou modificadas por motivos e ações de outros indivíduos (...). A ação humana, para Max Weber é social à medida que, em função da significação subjetiva que o individuo ou os indivíduos que agem lhe atribuem, toma em consideração o comportamento dos outros e é por ele afetada no seu curso.
A ação social é social, pois:
a - as pessoas devem levar em consideração a existência e a presença de outros, assim como o seu comportamento;
b - a ação de um individuo deve ter um valor simbólico para os outros e vice-versa .“Ligar significado à conduta própria e à dos outros é atribuir a ela um sentido simbólico suscetível de ser transmitido e compreendido, graças a um código (...) e mais exatamente ainda, é inserir essa conduta num sistema de comunicação”.
c - toda conduta de indivíduos empenhados em uma ação social deve sofrer influência da percepção do significado da ação dos outros e da sua própria.

Para Weber, a ação social, da mesma maneira que toda ação, pode ser: racional, visando aos fins; racional, visando aos valores; afetiva (emotiva) ou tradicional.

8.3 – NOÇÃO DA AÇÃO – TALCOTT PARSONS
O conceito de ação social proposto por PARSONS
Talcott Parsons sofreu forte influencia de Max Weber na definição do objeto de estudo da Sociologia: a ação social.
Ao expor um esquema de referência para o estudo da ação social, Parsons distinguiu três elementos imprescindíveis: o agente (ator), a situação e a orientação desse agente em relação à situação.
Analisando a orientação do agente, dividiu-a em dois componentes: orientação motivacional e orientação de valor. A orientação motivacional (...) consiste nas disposições do ator e fornece a energia a ser gasta na ação, apresentando três modalidades: cognitiva (...), avaliativa (...), catética, processo pelo qual o agente dá ao objeto um significado emocional ou afetivo. A orientação de valor, em contraposição às necessidades, que constituem o centro da orientação motivacional, indica a observância de normas e padrões sociais, consistindo a submissão do ator às suas determinações. A orientação de valor apresenta também três modalidades: cognitiva (...) apreciativa (...) e moral.
Por sua vez, a situação em que está integrado o agente (ator) é composta de objetos físicos, objetos sociais (outras pessoas) e objetos culturais (elementos simbólicos).
Por esse motivo, a interação supõe uma cultura comum, que possibilite por parte do ego (eu), a interpretação das prováveis reações do alter (outro) e vice-versa. Segundo Parsons, o processo de interação entre ego e alter pode ser entendido como microcosmo dos sistemas sociais, pois contém os elementos constitutivos dos sistemas sociais: sistemas partilhados de crenças, sentimentos e valores, critérios culturalmente padronizados de avaliação técnica, estética e moral.
Por outro lado, a ação social, para Parsons, situa-se sempre simultaneamente em quatro contextos ou sistemas: biológico, psíquico ou da personalidade, social e cultural.

9.0  – PROCESSOS SOCIAIS

Aos nos referirmos às relações sociais, devemos compreendê-las em seus aspectos dinâmicos. Os indivíduos, através das relações sociais, podem aproximar-se ou afastar-se, dando origem a formas de associação ou dissociação. A esse aspecto dinâmico damos o nome de processo social

9.1 – ISOLAMENTO E CONTATO
ISOLAMENTO pode ser entendido como a falta de contato ou de comunicação entre grupos ou indivíduos. Purk e Burgess indicaram quatro tipos de isolamento: isolamento espacial ou físico; isolamento estrutural (constituído pelas diferenças biológicas tais como sexo, raça, idade); isolamento funcional (tem origem nos defeitos físicos, cegueira, surdez, mudez e outras limitações físicas) e isolamento habitudinal, que diz respeito à separação ocasionada pela diferença de hábitos, costumes, usos, linguagem, religião e outros fatores.
CONTATO é a fase inicial da interestimulação e as modificações resultantes são denominadas de interação. O contato social é um processo primário, fundamental do processo social.
Os contatos podem ser diretos, quando ocorrem face a face por meio da percepção física e indireta, mediados por meios técnicos de comunicação; podem ser voluntários e involuntários; podem ser contatos com o passado, cuja finalidade é a transmissão da herança social e com o presente; podem ser contatos primários, pessoais, íntimos e espontâneos e secundários, formais, impessoais e racionais.
Os vários tipos de contato não são mutuamente exclusivos (...) no mundo moderno, nas sociedades complexas, há um número maior de contatos secundários (...) e os contatos tendem a tornar-se cada vez mais superficiais e passageiros.

9.2 – INTERAÇÃO SOCIAL - COMUNICAÇÃO
INTERAÇÃO SOCIAL é a ação social, mutuamente orientada, de dois ou mais indivíduos em contato. Distingue-se da mera interestimulação em virtude de envolver significados e expectativas em relação às ações de outras pessoas. Podemos dizer que a interação é a reciprocidade de ações sociais.

9.3 – A PESSOA SOCIAL
Todos os seres humanos socializados são pessoas sociais. Tal fato é demonstrado através do efeito que o isolamento total exerce sobre o ser não-socializado.
A criança vem ao mundo como indivíduo, isto é, mero organismo biológico; por intermédio da socialização, ela desenvolve suas potencialidades, adquire status e papel nos grupos sociais, tornando-se pessoa social.
Quando dizemos que as pessoas são sociais, não queremos significar que sejam agradáveis, corteses, cultas, pertencentes à “alta” sociedade, mas que tendem à associação humana e dela necessitam.
O objeto de estudo sociológico é a pessoa social, e o processo pelo qual o indivíduo biológico se transforma em pessoa social denomina-se socialização.

9.4 – COOPERAÇÃO – COMPETIÇÃO - CONFLITO
A COOPERAÇÃO é o tipo particular de processo social em que dois ou mais indivíduos ou grupos atuam em conjunto para a consecução de um objetivo comum. É requisito especial e indispensável para a manutenção e continuidade dos grupos e sociedades. A cooperação pode ser temporária ou contínua, direta ou indireta.
Em todas as sociedades existem diferenças de capacidades e de desejos entre seus componentes. Para a satisfação de suas necessidades e aspirações, os indivíduos (e também os grupos menores, integrantes do grupo total) competem entre si, com maior ou menor energia”.
Verificamos que COMPETIÇÃO consiste em esforços de indivíduos ou grupos para obter melhores condições de vida. Quando uma pessoa se interpõe no caminho da satisfação ou dos desejos da outra, surgem os choques (CONFLITOS). Variando em intensidade e extensão, os conflitos se apresentam como rivalidade, debate, discussão, litígio, contenda e guerras.

9.5 – ADAPTAÇÃO – ACOMODAÇÃO - ASSIMILAÇÃO
A ADAPTAÇÃO SOCIAL de um indivíduo ao grupo não significa necessariamente conformidade social, mas supõe a utilização de certa margem de liberdade ou de autonomia que o meio concede. A adaptação do indivíduo ao meio social realiza-se principalmente em três níveis: biológico e psicomotor, nível afetivo e de pensamento.
ACOMODAÇÃO é um processo social com o objetivo de diminuir o conflito entre os indivíduos ou grupos, reduzindo-o e encontrando um novo modus vivendi. É um ajustamento formal e externo, aparecendo apenas nos aspectos externos do comportamento, sendo pequena ou nula a mudança interna. Variando o grau de liberdade ou restrição, a acomodação pode se dar por meio de: conciliação, tolerância, arbitragem, compromisso e coerção.
ASSIMILAÇÃO é o processo social em virtude do qual indivíduos e grupos diferentes aceitam e adquirem padrões comportamentais, tradição, sentimentos e atitudes da outra parte. É um indício de integração sociocultural.

10. STATUS E PAPEL

10.1 – STATUS – CONCEITO E ORIGEM
Status é o lugar ou posição que a pessoa ocupa na estrutura social, de acordo com o julgamento coletivo ou consenso de opinião do grupo. Portanto, o status é a posição em função dos valores sociais correntes na sociedade.

10.2 – STATUS LEGAL E STATUS SOCIAL
Status legal é uma posição caracterizada por direitos (reivindicações apoiadas por normas) e obrigações (deveres prescritos por normas), capacidades e incapacidades, reconhecidos pública e juridicamente, importantes para a posição e as funções na sociedade. Os direitos e obrigações do status legal consistem no comportamento legalmente sancionado. Quando as reivindicações de uma pessoa são apoiadas pelas normas, constituem os seus direitos; quando as obrigações são prescritas pelas normas, temos os deveres. Exemplos de status legais: status de pais, de professor, de juiz, de presidente da República.
Status social abrange características da posição que não são determinadas por meios legais. É o comportamento socialmente esperado e/ou aprovado, de ocupante do status, assim como o comportamento adequado dos outros em relação a ele. Exemplos: o status de amigo é tipicamente social, já que não implica direitos e deveres juridicamente determinados; a um pai, a lei concede deveres e privilégios, sendo que além disso a sociedade espera que ele ame os filhos, trate-os com bondade, dê-lhes o melhor de si; da mesma maneira que espera dos filhos amor, respeito e obediência aos pais; ao professor, além dos direitos e obrigações determinados pelo status legal próprio, espera-se que ele mantenha relações harmoniosas com seus alunos, orientando-os moralmente, e tenha um comportamento digno e sério; da parte do aluno deve haver consideração e respeito.

Nas sociedades “primitivas”, em geral, existem poucos status, mas em todas vamos encontrar categorias de idade, sexo e parentesco; chefe e curandeiro. Na regulamentação do casamento, surge o status de marido e de mulher e, através do ciclo da vida, aparecem regras relativas a direitos e deveres para crianças, jovens, adultos e velhos. Há poucos status nestas sociedades, porque poucos são os grupos diferenciados. À medida que as sociedades se tornam mais complexas, a diferenciação de funções aumenta, aparecendo outros status, tais como posições políticas (eletivas ou nomeadas), ocupações (empregador, empregado, industrial, comerciante, banqueiro, médico, engenheiro, advogado) e outras.

10.3 – CRITÉRIOS DE DETERMINAÇÃO DO STATUS
O status é a posição em função dos valores sociais correntes nas sociedades, e varia muito a importância por estas atribuída aos determinantes do status. Ao se dizer que o status é algo definido socialmente, consideramos que é determinado por fatores extrínsecos às pessoas e, dessa forma, existem certos critérios universais, contidos nos valores sociais, para a atribuição do status. Esses determinantes ou fatores, universalmente encontrados nas diferentes sociedades, podem estar acentuados em maior ou menor grau e combinados de diversas maneiras. Nenhum dos elementos componentes, isoladamente, é suficiente para avaliar o status e, por isso, devem tais elementos ser considerados em conjunto:
a) parentesco –> pode conferir uma posição superior ou inferior, tendo-se em conta certos fatores, como, por exemplo, a origem “alta” ou “baixa” da família, sua reputação, tradicionalismo;
b) riqueza –> independentemente da forma,  a riqueza é um critério universal, claro e objetivo, desde que consiste em coisas tangíveis, possíveis de serem contadas e medidas;
c) utilidade funcional (ocupação) -> relaciona-se com a função que a pessoa exerce na sociedade. O prestígio das diferentes profissões decorre principalmente de três fatores: a importância funcional em relação à sociedade, o grau de conhecimento exigido para o exercício da função e a escassez de pessoal em relação à procura;
d) educação -> nas sociedades, em geral, há uma diferença marcante entre o analfabeto e o alfabetizado, o erudito e o inculto;
e) religião -> numa sociedade onde haja diversidade de religiões, os grupos religiosos procuram classificar-se numa hierarquia, em virtude da qual o prestígio social de seus membros varia. Quando há apenas uma religião, a importância do status será determinada pelo fato de se pertencer a ela, assim como pela posição ocupada em sua hierarquia;
f) fatores biológicos (características biológicas) -> em todas as sociedades são concedidos determinados status aos diferentes grupos etários: crianças, jovens, adultos e velhos. A importância relativa desses grupos de idade varia de sociedade para sociedade.

10.4 – TIPOS DE STATUS
Na sociedade, duas são as principais formas pelas quais o indivíduo obtém seu status: a) atribuído por circunstâncias que independem da sua vontade, sendo-lhe atribuído mesmo contra sua vontade, em virtude de seu nascimento; e b) adquirido através de suas qualidades, capacidades e habilidades específicas.

10.5 – STATUS E PAPEL
As maneiras de se comportar que se esperam de qualquer indivíduo que ocupa certa posição constituem o papel associado com aquela posição.
O status salienta a posição tal como é concebida pelo grupo ou pela sociedade que a mantém, e o papel destaca a pessoa que ocupa a posição. Se o status realça o fato de que nos grupos sociais relevantes existem expectativas de tipo normativo, o papel enfatiza os elementos que compõem o comportamento esperado.
Uma pessoa é a mesma personalidade básica, independente do grupo de que participa, mas espera que se comporte de forma diferente em cada grupo (...) As expectativas dos outros, baseadas em normas socialmente aprovadas, determinam a maneira pela qual cada um deve desempenhar seu papel; entretanto, existe certa amplitude nessa determinação, permitindo variações individuais.
Há a considerar o ajustamento do indivíduo aos papéis que deve desempenhar, o que se dá de dois modos: atribuído e assumido.
- atribuído: quando são conferidos externamente ao indivíduo; de acordo com o tipo de papel social, esta atribuição pode efetuar-se de duas maneiras: automaticamente, com certos papéis familiares que não dependem da decisão do indivíduo – filho, irmão, primo, tio, avô; intencionalmente, na adoção de um filho
- assumido: quando se assume um papel voluntariamente, por decisão pessoal. Exemplo: casar-se, seguir uma profissão, estudar numa faculdade.

11– GRUPOS SOCIAIS

11.1 – CATEGORIAS SOCIAIS
Em todas as sociedades, os censos nacionais permitem obter um quadro geral das “características da população”. Esse quadro será tanto mais completo quanto maior o número de itens significativos abrangidos pelos censos. Além das grandes divisões de sexo, idade, estado civil, naturalidade, origem étnica, religião e profissão podem-se obter dados sobre remuneração, tipo de residência, propriedade da casa, número de aposentos, posse de utensílios domésticos, etc. Esses dados permitem caracterizar o nível de vida da população, através de combinações de diversos itens, juntamente com a comparação das estatísticas de vários anos, e salientar tendências e mudanças.
A análise dos dados estatísticos, obtidos nos censos, é de grande importância na previsão e atuação de órgãos públicos. Por exemplo, sabendo-se a taxa de natalidade e a de mortalidade até sete anos, de determinada população, em dada área geográfica, podem-se prever a necessidade de salas de aula e o número de professores para atender à demanda de crianças que ingressam no 1° ciclo, em certo ano. Além dos órgãos públicos, todas as entidades ou organizações que pretendem realizar planejamentos, visando a grandes massas de população, necessitam de conhecimento das categorias estatísticas. Exemplo: as empresas de produção industrial.
CATEGORIAS SOCIALMENTE IMPORTANTES – Os dados estatísticos, principalmente os obtidos através dos censos, constituem-se fonte para o estabelecimento de categorias sociais; essa formação é um processo mental, apesar de as categorias não serem imaginárias: “uma categoria social é uma pluralidade de pessoas que são consideradas como uma unidade social pelo fato de serem efetivamente semelhantes em um ou mais aspectos” (Fichter, 1973:85).  Não há necessidade de proximidade ou contato mútuo para que as pessoas pertençam a uma categoria social. Exemplos: adolescentes, operários, soldados, analfabetos, etc.
Em relação aos aspectos semelhantes entre as pessoas, só nos interessam aqueles que têm significação sociológica, e mesmo estes variam de acordo com o objetivo do estudo. Exemplo: se quisermos analisar os padrões de comportamento religiosos, a classificação abrangeria a categoria de crentes, ateus, cristãos, judeus, budistas e outras; homens, mulheres, jovens, adultos e idosos.
As principais categorias estudadas pela Sociologia são as que implicam valores sociais. Embora estes variem nas sociedades, alguns constituem determinantes quase universais de status e, portanto, servem de base para a classificação das categorias sociais significativas.
a - parentesco;
b - riqueza;
c - ocupação;
d - educação;
e - religião;
f - fatores biológicos.

ESTEREÓTIPOS - Ao lado das categorias, construções mentais baseadas nos fatos, encontramos os estereótipos, construções mentais falsas, imagens e idéias de conteúdo alógico que estabelecem critérios socialmente falsificados. Os estereótipos baseiam-se em características não comprovadas e não demonstradas, atribuídas a pessoas, coisas e situações sociais, mas que, na realidade não existem. Os principais estereótipos referem-se à classe, etnia e religião. Pelo fato de um estereótipo salientar qualidades em vez de defeitos, não significa que deixe de ser estereótipo.
Mais do que criações do indivíduo, os estereótipos são criações do grupo e, à medida que o indivíduo se isola, diminuindo a oportunidade de experiências novas, os estereótipos tendem a se fortalecer, o mesmo acontecendo com o estereótipo que se propaga e passa a ser aceito por maior número de pessoas. Os meios de comunicação de massa colaboram na criação e difusão de estereótipos.

11.2 – AGREGADOS
Agregado é uma reunião de pessoas frouxamente aglomeradas que, apesar da proximidade física, têm um mínimo de comunicação e de relações sociais. Os principais tipos de agregados, segundo Fichter, são: manifestações públicas, agregados residenciais e agregados funcionais, e os diferentes tipos de multidão.
OPINIÃO PÚBLICA – Segundo James Bryce, autor de “A Comunidade Americana”: “Só existe opinião pública quando os indivíduos de uma sociedade têm acesso livre e total às informações da atualidade e, em conseqüência, podem formular opiniões autoconscientes (...) o processo de formação de opinião pública pressupõe o acesso potencial de todos os cidadãos às informações estereotipadas que os meios de comunicação divulgam. Diante dessas informações, que cada indivíduo recebeu (ou pode receber) livremente, em igualdade de condições com os demais, afigura-se a etapa de tomada de posição: pessoal, grupal, coletiva [através da livre discussão]”.
Já para Hans Speier, no “Desenvolvimento histórico da opinião pública” - Jornal Americano de Sociologia: “Consideramos como opinião pública as opiniões sobre assuntos de interesse da nação, livre e publicamente expressas por homens que não participam do governo e reivindicam para suas opiniões o direito de influenciarem ou determinarem as ações, o pessoal ou a estrutura de governo”.
PÚBLICO - Conjunto de indivíduos em que:
a - é praticamente igual o número de pessoas que expressam e recebem opiniões;
b - a organização da comunicação pública permite uma resposta imediata e efetiva a uma opinião publicamente expressa;
c - a opinião, formada através dessa discussão, encontra possibilidade de se transformar em ação efetiva, mesmo contra o sistema de autoridade vigente, se necessário;
d - as instituições de autoridade não têm penetração: o público é, portanto, mais ou menos autônomo em suas ações.
MASSA - Conjunto de elementos em que:
a - o número de pessoas que expressam opiniões é incomparavelmente menor do que aquele que as recebe; a massa é uma coleção abstrata de indivíduos, recebendo impressões e opiniões já formadas, veiculadas pelos meios de comunicação de massa;
b - a organização da comunicação pública impede ou dificulta a resposta imediata e efetiva às opiniões externadas publicamente;
c - as autoridades controlam e fiscalizam os canais por meio dos quais a opinião se transforma em ação;
d - os agentes institucionais têm maior penetração; a massa, portanto, não tem autonomia, sendo reduzida a formação da opinião independente através da discussão
COMUNICAÇÃO E CULTURA DE MASSAS - Entende-se por comunicação ou relação comunicativa aquela que tanto supõe quanto produz uma interação bilateral, isto é, em que os dois pólos – transmissor e receptor – apresentam relação de ambivalência, podendo o transmissor passar a receptor e vice-versa.
Entende-se por meio de comunicação não apenas o emprego de símbolos por parte dos homens para significar, expressar e comunicar o saber – a diferentes linguagens – mas, principal e concretamente, os canais artificiais utilizados para veicular entre seres racionais – transmissores / receptores – essas mesmas linguagens. Assim, em seu sentido mais amplo, os meios de comunicação seriam, de um lado, todas as linguagens, cuja característica é serem mais convencionais do que artificiais e, de outro, todos os meios técnicos ou tecnológicos capazes de excitar um receptor, através da transmissão de um sentido ou significado, tanto oral quanto visual (sinais de fumaça, desenhos, cartazes, rádio, televisão, satélites, microcomputadores, etc.).
Quando a bilateralidade da autêntica intercomunicação é atrofiada pela enorme desproporção entre os agentes transmissores e receptores, e quando o primeiro se assenhora e monopoliza o papel de informador, reduzindo os segundos a um papel de pessoas passivamente informadas, de modo irreversível a força expansiva e autocriadora do saber diminui, ficando reduzida sua função a uma relação unilateral entre dois pólos: uma oligarquia informadora, convertida em elite, e uma pluralidade indiferenciada de receptores, transformada em massa”.
Considera-se cultura de massa o resíduo de todas as mensagens em que há um predomínio da informação sobre a comunicação, veiculadas pelos agentes e sedimentadas no pólo receptor que se constitui numa sociedade de massas (...) Define-se a cultura de massa justamente pela sedimentação das formas de saber, que induzem condutas, ideologias e motivações, depositadas sem contestação na consciência do homem-massa.

11.3 – GRUPOS SOCIAIS
Segundo Morris Ginsberg, as categorias e os agregados sociais, assim como as classes sociais, são “quase grupos”, podendo dar origem a grupos plenamente desenvolvidos. Esses “quase grupos” constituem um campo de recrutamento para grupos.
O homem, como ser social, vive em grupos. Isto implica o surgimento contínuo de novos grupos, cuja criação e manutenção levantam o problema do recrutamento de membros, que ocorre de diferentes maneiras:
a - aceitação voluntária da participação;
b - indicação, nomeação ou designação;
c - eleição;
d - contrato;
e - conscrição;
f - coerção.

CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS - “Os grupos apresentam diversidade entre si, não só na forma de recrutamento, como também na organização, finalidade e objetivos. Porém, todos eles possuem determinadas características, que levaram Fichter a definir grupo social como “uma coletividade identificável, estruturada, contínua, de pessoas sociais que desempenham papéis recíprocos, segundo determinadas normas, interesses e valores sociais, para a consecução de objetivos comuns (1973:140).
Para esse autor, as características dos grupos sociais são as seguintes:
a - identificação;
b - estrutura social;
c - papéis individuais;
d - relações recíprocas;
e - normas comportamentais;
f - interesses e valores comuns;
g - finalidade social;
h - permanência.

11.4 - CLASSIFICAÇÃO DOS GRUPOS
A primeira distinção que, em geral, se faz sobre os agrupamentos sociais diz respeito à origem, à duração e à estrutura dos mesmos.
Quanto à origem: espontâneos ou contratuais;
Quanto à duração: acidentais ou periódicos ou permanentes ou contínuos;
Quanto à estrutura: difusos ou organizados.
Esses três fatores – origem, duração e estrutura – não são mutuamente exclusivos e podem aparecer conjuntamente. Exemplo: a escola constitui um grupo social contratual, permanente ou contínuo e organizado; a multidão é espontânea, periódica ou acidental e difusa”.

11.5 - GRUPOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS
Entendemos por grupos primários aqueles caracterizados por uma íntima cooperação e associação face a face. São primários sob vários aspectos, principalmente porque são fundamentais na formação da natureza social e nos ideais do indivíduo. O resultado dessa associação íntima é, psicologicamente, certa fusão das individualidades num todo comum, de modo que o próprio ego individual se identifica, pelo menos para vários fins, com a vida e o propósito comuns ao grupo. Possivelmente, a maneira mais simples de descrever essa totalidade consiste em apresenta-la como “nós” porque envolve a espécie de simpatia e identificação mútua para as quais o “nós” é a expressão natural (COOLEY).
Por sua vez, o grupo secundário possui certas características que se apresentam como opostas às do grupo primário. As relações geralmente são estabelecidas por contato indireto e, no caso de serem por contato direto, são passageiras e desprovidas de intimidade; as relações são ainda formais e impessoais. No grupo secundário, a consciência de “nós” é fraca, o tipo de contato é predominantemente secundário e categórico, a posição dos membros define-se em relação aos papéis que lhes cabem, sendo sua participação limitada à contribuição que prestam.
São exemplos de grupos primários: família, grupo de amigos, aldeia ou vizinhança.
São exemplos de grupos secundários: empresa, exército, igreja.

12 – CULTURA E SOCIEDADE

12.1 – NATUREZA DA CULTURA
Para os antropólogos a cultura tem significado amplo: engloba os modos comuns e aprendidos da vida, transmitidos pelos indivíduos e grupos, em sociedade.
O termo cultura (colere, cultivar ou instruir; cultus, cultivo, instrução) não se restringe ao campo da antropologia. Várias áreas do saber humano – agronomia, biologia, artes literatura, sociologia, história, etc. – valem-se dele, embora seja outra a conotação.
Muitas vezes, a palavra “cultura” é empregada para indicar o desenvolvimento do indivíduo por meio da educação, da instrução. Nesse caso, uma pessoa “culta” seria aquela que adquiriu domínio no campo intelectual ou artístico. Seria “inculta” a que não obteve instrução.
Os antropólogos não empregam os termos “culto” ou “inculto”, de uso popular, e nem fazem juízo de valor sobre esta ou aquela cultura, pois não consideram uma superior à outra. Elas apenas são diferentes a nível de tecnologia ou integração de seus elementos. Todas as sociedades – rurais ou urbanas, simples ou complexas – possuem cultura. Não há indivíduo humano desprovido de cultura, exceto o recém-nascido e o homo ferus; um porque ainda não sofreu o processo de endoculturação, e o outro, porque foi privado do convívio humano.
Para os antropólogos, a cultura tem significado amplo: engloba os modos comuns e aprendidos da vida, transmitidos pelos indivíduos e grupos, em sociedade.

12.2 – CONCEITUAÇÃO DE CULTURA
Desde o fim do século XIX, os antropólogos vêm elaborando inúmeros conceitos sobre cultura. Apesar da cifra ter ultrapassado 160 definições, ainda não chegaram a um consenso sobre o significado exato do termo. Para alguns, cultura é comportamento aprendido; para outros, não é comportamento, mas abstração do comportamento; e para um terceiro grupo, a cultura consiste em idéias. Há os que consideram como cultura apenas os objetos imateriais, enquanto que outros, ao contrário, aquilo que se refere ao material. Mas também encontram-se estudiosos que entendem por cultura tanto as coisas materiais quanto as não-materiais.
G. M. Foster (1962) descreve a cultura como “a forma comum e aprendida da vida, compartilhada pelos membros de uma sociedade, constante da totalidade dos instrumentos, técnicas, instituições, atitudes, crenças, motivações e sistemas de valores conhecidos pelo grupo” (1964:21).
Mais recentemente, Clifford Geertz (1973) propõe: “a cultura deve ser vista como um conjunto de mecanismos de controle – planos, receitas, regras, instituições – para governar o comportamento”. Para ele, “mecanismos de controle” consiste em “palavras, gestos, desenhos, sons musicais, objetos ou qualquer coisa que seja usada para impor um significado à experiência”.
Pelo visto, o conceito de cultura varia no tempo, no espaço e em sua essência. Tylor, Linton, Boas e Malinowski consideram a cultura como idéias. Para Kroeber e Kluckhohn, Beals e Hoijer ela consiste em abstrações do comportamento. Keesing e Foster a definem como comportamento aprendido. Leslie A. White apresenta outra abordagem: a cultura deve ser vista não como comportamento, mas em si mesma, ou seja, fora do organismo humano. Ele, Foster e outros englobam no conceito de cultura os elementos materiais e não-materiais da cultura. A colocação de Geertz difere das anteriores, na medida em que propõe a cultura como um “mecanismo de controle” do comportamento.
Essas colocações divergentes, ao longo do tempo, permitem apreender a cultura como um todo, sob os vários enfoques.
A cruz, por exemplo, pode ser vista sob essas diferentes concepções:
   a) Idéia – quando se formula a sua imagem na mente;
   b) Abstração do comportamento – quando ela representa, na mente, um símbolo dos cristãos;
   c) Comportamento aprendido – quando, os católicos fazem o sinal da cruz;
   d) Coisa extra-somática – quando é vista por si mesma, independente da ação, tanto material quanto imaterial;
   e) Mecanismo de controle – quando a igreja a utiliza para afastar o demônio ou para obter reverência dos fiéis.

12.3 – CLASSIFICAÇÃO DA CULTURA
A cultura pode ser classificada de diversas maneiras: material ou imaterial (não material, espiritual), real ou ideal.
CULTURA MATERIAL – Consiste em coisas materiais, bens tangíveis, incluindo instrumentos, artefatos e outros objetos materiais, fruto da criação humana e resultante de determinada tecnologia. Abrange produtos concretos, técnicas, construções, normas e costumes que regularizam seu emprego.
Exemplos: machados de pedra, vasos de cerâmica, alimentos, máscaras, vestuário, habitações, máquinas, navios, satélites artificiais, cachimbo da paz, cruz, estrela de David, etc.
CULTURA IMATERIAL – Refere-se a elementos intangíveis da cultura, que não têm substância material. Entre eles encontram-se as crenças, conhecimentos, aptidões, hábitos, significados, normas, valores. Os membros de uma sociedade compartilham certos conhecimentos e crenças como reais e verdadeiros.
Exemplo: a crença na existência de seres sobrenaturais como deuses, espíritos e fantasmas.
CULTURA REAL – É aquela em que, concretamente, todos os membros de uma sociedade praticam ou pensam em suas atividades cotidianas. Entretanto, a cultura real não pode ser percebida em sua totalidade, mas apenas parcialmente e, para isso, é necessário que os estudiosos a ordenem e demonstrem em termos compreensíveis. O conhecimento científico nem sempre pode evidenciar a cultura real, mesmo que empregue os mais modernos e avançados métodos de pesquisa, porque o real sempre é apresentado como as pessoas o conhecem ou pensam que seja.
CULTURA IDEAL (normativa) – Consiste em um conjunto de comportamentos que, embora expressos verbalmente como bons, perfeitos, para o grupo, nem sempre são freqüentemente praticados. Muitas vezes, um indivíduo, pelo seu egoísmo, pode tomar uma linha de ação diferente, ou os valores não revelados, ocultos, podem levar a comportamentos contraditórios. A cultura ideal seria a perfeita, além, muitas vezes, do alcance comum.
Exemplo: casamento indissolúvel seria o desejável pela sociedade ocidental cristã; casamento real, o que ocorre e nem sempre é satisfatório ou atente ao ideal.

12.4 – COMPONENTES DA CULTURA
De modo geral, a cultura se constitui dos seguintes elementos: conhecimentos, crenças, valores, normas e símbolos
CONHECIMENTO – Todas as culturas, sejam simples ou complexas, possuem grande quantidade de conhecimento que são cuidadosamente transmitidos de geração em geração.
CRENÇAS – Consistem na aceitação como verdadeira de uma proposição comprovada ou não cientificamente. Consiste em uma atitude mental do indivíduo, que serve de base à ação voluntária. Embora intelectual, possui conotação emocional.
Há crenças falsas e verdadeiras, dependendo da evidência certa, efetiva ou de aparências enganosas.
Há crenças benéficas, quando resultam em algum benefício (podar as roseiras na lua nova, no mês de julho ou agosto, para que brotem viçosas), ou maléficas, quando causam mal a alguém (imolação de recém-nascidos para obter proteção dos deuses).
VALORES – O termo valor, de modo geral, é empregado para indicar objetos e situações consideradas boas, desejáveis, apropriadas, importantes, ou seja, para indicar riqueza, prestígio, poder, crenças, instituições, objetos materiais, etc. Além de expressar sentimentos, o valor incentiva e orienta o comportamento humano.
Exemplo de valores: a) dominantes – liberdade de expressão, de religião, de direito à vida; b) secundários – servir café às visitas, presentear a parturiente, agradecer cartões de Boas-Festas.
NORMAS – São regras que indicam os modos de agir dos indivíduos em determinadas situações. Consistem, pois, em um conjunto de idéias, de convenções referentes aquilo que é próprio de pensar, sentir e agir em dadas situações.
Toda sociedade engloba um conjunto de conhecimentos, crenças, valores e normas de comportamento que, embora seja uma herança acumulada do passado, continuamente, a cada geração, vai-se aperfeiçoando.
SÍMBOLOS – São realidades físicas ou sensoriais aos quais os indivíduos que o utilizam atribuem valores ou significados específicos. Comumente representam ou implicam coisas concretas ou abstratas.
Pessoas, gestos, palavras, ordens, sinais sensoriais, fórmulas mágicas, valores, crenças, poder, solidariedade, sentimentos, cerimônias, hinos, bandeiras, textos sagrados, objetos materiais, etc., que tenham adquirido significado específico, representante em um contexto cultural, por meio de atos, atitudes e sentimentos, constituem-se símbolos.
A simbolização permite ao homem transmitir seus conhecimentos aprendidos e acumulados durante as diferentes gerações. Eles resguardam os valores considerados básicos para perpetuação da cultura e da sociedade. A criação deles consiste, basicamente, na associação de significados aquilo que se pode perceber pelos sentidos, ou seja, ver, ouvir, tocar, cheirar.

12.5 – FUNÇÃO DA CULTURA
A cultura é formada de milhares de traços culturais selecionados mas integrados, formando um todo. Sem exceção, cada traço possui forma e função.
   a) Forma – feitio ou maneira como uma coisa se apresenta ou se manifesta. Feição exterior que caracteriza determinado elemento da cultura. Assim, cada traço cultural possui sua forma específica. Exemplo: anel, cachimbo, casa, cerimônia de casamento, funeral, processo judicial etc.
   b) Função – tipo de ação ou procedimento inter-relacionado de traços de cultura. A maneira como um elemento se relaciona com outros contribui para o modo de vida global. Exemplo: um anel pode ter diferentes formas (medidas) materiais, figuras e várias funções (enfeite, compromisso, status).

7.6 – ESTRUTURA DA CULTURA
Para analisar a cultura, alguns antropólogos desenvolveram conceitos de traços, complexos e padrões culturais.
TRAÇOS CULTURAIS – Em geral, os antropólogos consideram os traços culturais como os menores elementos que permitem a descrição da cultura. Referem-se, portanto, à menor unidade ou componente significativo da cultura, que pode ser isolado no comportamento cultural. Embora os traços sejam constituídos de partes menores, os itens, estes não têm valor por si sós. Exemplo: uma caneta pode existir com um objetivo definido, mas só pode funcionar como unidade cultural em sua associação com a tinta, convertendo-se assim em um traço cultural. O mesmo ocorre com os óculos: precisa da associação da lente com a armação; o arco e a flecha (arma).
Alguns traços culturais são simples objetos, ou seja, cadeira, mesa, brinco, colar, machado, vestido, carro, habilitação, etc. Os traços culturais não-materiais compreendem atitudes, comunicação, habilidades. Exemplo: aperto de mão, beijo, oração, poesia, festa, técnica artesanal, etc.
Nem sempre a idéia de traço é facilmente identificável em uma cultura, face à integração, total ou parcial, de suas partes. Muitas vezes, fica difícil saber quando uma “unidade mínima identificável” pode ser considerada um traço ou um item.  Exemplo: o feijão, como prato alimentício, é um traço cultural material; mas o feijão, como um dos ingredientes da feijoada, torna-se apenas um item dessa dieta brasileira.
Os estudiosos da cultura, na verdade, estão mais preocupados com o significado e a maneira como os traços se integram em uma cultura do que com o seu total acervo.
O mesmo material, utilizado e organizado por pessoas pertencentes a duas sociedades diversas, pode chegar a resultados diferentes; vai depender da utilização e da importância ou do valor do objeto para cada uma dessas culturas. Exemplo: um artesão pode, com fibras de junco, confeccionar cadeiras (Brasil) ou casas (Iraque).
COMPLEXOS CULTURAIS – Complexos culturais consistem no conjunto de traços ou num grupo de traços associados, formando um todo funcional; ou ainda, um grupo de características culturais interligadas, encontrado em uma área cultural.
O complexo cultural é constituído, portanto, de um sistema interligado, independentes e harmônico, organizado em torno de um foco de interesse central.
Cada cultura engloba um número grande e variável de complexos inter-relacionados. Dessa maneira, o complexo cultural engloba todas as atividades relacionadas com o traço cultural.
Exemplo: o carnaval brasileiro, que reúne um grupo de traços ou elementos relacionados entre si, ou seja, carros alegóricos, música, dança, instrumentos musicais, desfile, organização, etc.  A cultura do café, que abrange técnicas agrícolas, instrumentos, meios de transporte, máquinas. O complexo do fumo, entre sociedades tribais, envolvendo cultivo, produto, e os mais variados usos sociais e cerimoniais; o complexo do casamento, da tecelagem caseira, etc.
PADRÕES CULTURAIS – Padrões culturais são, segundo Herskovits (1963:231), “os contornos adquiridos pelos elementos de um cultura, as coincidências dos padrões individuais de conduta, manifestos pelos membros de uma sociedade, que dão ao modo de vida essa coerência, continuidade e forma diferenciada”.
O padrão resulta do agrupamento de complexos culturais de um interesse ou tema central do qual derivam o seu significado. O padrão de comportamento consiste em uma norma comportamental, estabelecida pelos membros de determinada cultura. Essa norma é relativamente homogênea, aceita pela sociedade, e reflete as maneiras de pensar, de agir e de sentir do grupo, assim como os objetos materiais correlatos.

12.7 – PROCESSOS CULTURAIS
Processo é maneira, consciente ou inconsciente, pela qual as coisas se realizam, se comportam ou se organizam.
As culturas mudam continuamente, assimilam novos traços ou abandonam os antigos, através de diferentes formas. Crescimento, transmissão, difusão, estagnação, declínio, fusão são aspectos aos quais as culturas estão sujeitas.
MUDANÇA CULTURAL – Mudança é qualquer alteração na cultura, sejam traços, complexos, padrões ou toda uma cultura, o que é mais raro. Pode ocorrer com maior ou menor facilidade, dependendo do grau de resistência ou aceitação. O aumento ou diminuição das populações, as migrações, os contatos com povos de culturas diferentes, as inovações científicas e tecnológicas, as catástrofes (perdas de safras, epidemias, guerras), as depressões econômicas, as descobertas fortuitas, a mudança violeta de governo etc. podem exercer especial influência, levando a alterações significativas na cultura de uma sociedade.
DIFUSÃO CULTURAL – Difusão “é um processo na dinâmica cultural, em que os elementos ou complexos culturais se difundem de uma sociedade a outra”, afirmam Hoebel & Frost (1981:445). As culturas, quando vigorosas, tendem a se estender a outras regiões, sob a forma de empréstimo mais ou menos consistente. A difusão de um elemento da cultura pode realizar-se por imitação ou por estímulo, dependendo das condições sociais, favoráveis ou não, à difusão. O tipo mais significativo de difusão é o das relações pacíficas entre os povos, numa troca contínua de pensamentos e invenções. Nem tudo, porém, é aceito imediatamente: há rejeições em relação a certos traços culturais. Quase sempre ocorre uma modificação no traço de uma cultura tomado de empréstimo pela outra, havendo reinterpretação posterior pela sociedade que o adotou.
ACULTURAÇÃO - Aculturação é a fusão de duas culturas diferentes que, entrando em contato contínuo, originam mudanças nos padrões culturais de ambos os grupos. Pode abranger numerosos traços culturais, apesar de, na troca recíproca entre as duas culturas, um grupo dar mais e receber menos. Dos contatos íntimos e contínuos entre culturais e sociedades diferentes resulta um intercâmbio de elementos culturais. Com o passar do tempo, essas culturas fundem-se para formar uma sociedade e uma cultura nova. O exemplo mais comum relaciona-se com as grandes conquistas.
Assimilação – A assimilação, como uma fase de aculturação, seria o processo mediante o qual os grupos que vivem em um território comum, embora procedentes de lugares diversos, alcançam uma “solidariedade cultural”.
O termo aculturação, no entanto, vem sendo empregado ultimamente, também, como fusão de subculturas ou cultura rural versus cultura urbana.
No processo de aculturação deve haver a fusão completa dos grupos de origens diversas, supressão de um grupo ou de ambos, e a persistência dos dois no equilíbrio dinâmico da sociedade.
Exemplo: a cultura brasileira resultou, em princípio, da fusão das culturas européia, africana e indígena.
O processo de aculturação inclui o processo de sincretismo e transculturação.
Sincretismo - Em religião, sincretismo seria a fusão de dois elementos culturais análogos (crenças e práticas), de culturas distintas ou não. Exemplo: macumba, que contém traços do catolicismo, do fetichismo africano e indígena e do espiritismo.
ENDOCULTURAÇÃO – O processo de “aprendizagem e educação em uma cultura desde a infância” é chamado endoculturação tanto por Felix Keesing quanto por Hoebel e Frost. Herskovits empregou o termo enculturação para conceituar a mesma coisa, significando, além disso, o processo que estrutura o condicioamento da conduta, dando estabilidade à cultura.
Cada indivíduo adquire as crenças, o comportamento, os modos de vida da sociedade a que pertence. Ninguém aprende, todavia, toda a cultura, mas está condicionado a certos aspectos particulares da transmissão de seu grupo.

BIBLIOGRAFIA ADOTADA E SUGERIDA

1) LAKATOS, Eva Maria. SOCIOLOGIA GERAL, com a colaboração de Marina de Andrade MARCONI. São Paulo: Editora Atlas.

2) LAKATOS, Eva Maria. SOCIOLOGIA DA ADMINISTRAÇÃO. São Paulo: Editora Atlas.